Em 40 anos pode não haver vida em parte do RN

Noventa e sete por cento do Estado é suscetível à desertificação, empobrecimento da fertilidade do solo.
O solo do Rio Grande do Norte já está em processo de desertificação (escassez de nutrientes) acelerado e, se o descaso com as questões ambientais continuarem, daqui a 40 anos talvez não seja possível mais viver nesse lado do país. É o que alerta e explica a especialista em Meio Ambiente e Políticas Públicas, Laélia de Melo. Ela é o ponto focal do governo no Programa Nacional de Combate à Desertificação.
No estado, existem dois outros pontos focais, ou seja, pessoas diretamente ligadas à questão: Procópio, representando a sociedade civil e o deputado Mineiro, pela Assembleia Legislativa. Juntos, eles idealizaram o Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca do Rio Grande do Norte (PAE/RN), validado no último maio.
“Dizem que a temperatura do semi-árido vai aumentar de 2° a 4°C nos próximos 40 anos. Se não houver nenhum planejamento, se esse plano que a gente construiu com técnicos competentes não for posto em prática, há preocupação de que não haja mais formas de vida nessa área”, disse a especialista.
No Brasil, as áreas com tendência a esse processo chegam a mais de um milhão de quilômetros quadrados e correspondem aos espaços semiáridos e subúmidos secos do Nordeste, região onde o fenômeno se manifesta com maior intensidade e extensão, e alguns trechos igualmente afetados pelas secas nos estados de Minas Gerais e Espírito Santo (Sudeste).
Noventa e sete por cento do Rio Grande do Norte é suscetível à desertificação, segundo medições do nível de aridez do solo. A região agreste é a mais afetada. As cidades de Caicó, Currais Novos, São José do Seridó, Parelhas, Cruzeta, Acari e Carnaúba dos Dantas, onde a atividade ceramista é intensa são as que possuem manchas maiores de desertificação.
“A área mais afetada e onde está começando a recuperação é a micro-bacia do rio Cobra, que nasce em Carnaúba dos Dantas e deságua em Jardim do Seridó. É uma bacia que está muito degradada por causa da atividade de cerâmica. Já estão indo buscar a argila na Paraíba”, falou sobre uma região, onde “não existe miséria e desemprego e o IDH é elevado”, uma característica não muito comum em lugares onde há muito desmatamento.
Uma das soluções apresentadas para a região do rio Cobra é a implantação de gasodutos, que levem combustível, ao invés da lenha, para evitar desmatamento. Mas o custo-benefício da alternativa é alto.
De acordo com o geógrafo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte Ermínio Fernandes, três são as principais causas da desertificação: mau uso da exploração do solo, irrigação com água de alto nível de salinidade e desmatamento, o caso de Carnaúba dos Dantas.
“O ponto principal é o desmatamento. Até você conseguir regenerar a vegetação nativa leva muito tempo e enquanto acontece a diminuição da água naquele solo. A terra fica exposta à radiação e às intempéries, as chuvas carregam os nutrientes, tiram a camada mais fértil do solo, que está na superfície. A fertiliade vai embora, é lavada na água da chuva e deixa as camadas inferiores do solo com menos fertilidade”, explica o professor, apontando também parte do processo de erosão, que deixa o solo mais pedregoso.
As queimadas são outra causa. Ao contrário do que muitos agricultores pensam, queimar o solo tira a fertilidade e deixa a próxima colheita mais escassa.
“A vegetação que vem logo depois será mais rarefeita. Em um certo momento quando você queima, aquela cinza tem o poder de nutrir o solo. Se chove, já começam a brotar as plantações, mas a médio e longo prazo haverá perda daquele solo. As queimadas destroem a fertilidade natural do solo, deixando também o solo com fácil desagregação, e portanto suscetível à erosão”.

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