Dez anos depois, Apodi relembra a maior tragédia da história do município.
Por Josemário Alves / SOS Notícias do RN.
Ambulâncias,
Viaturas policiais e desespero. Esta era a realidade dos apodienses no
dia 25 de novembro de 2004. Uma quinta-feira que marcou a história do
município e deixou marcas que nem o tempo pode apagar.
Há exatos dez anos atrás, acontecia a maior tragédia do Apodi. Uma imprudência no trânsito que levou à morte cinco estudantes e um professor, deixando ainda dezenas de feridos.O fato se deu quando um ônibus turístico intermunicipal colidiu lateralmente com outro ônibus superlotado de estudantes na BR – 405, principal via que corta a cidade.
Odair, Melquezedeque e Anatália, vítimas fatais |
A colisão dos veículos provocou o arremesso do estudante Melquezedeque
Medeiros, de apenas 13 anos, para fora do veículo, que não resistiu e
veio a óbito na hora. Socorridos aos hospitais regionais de Apodi e
Mossoró, os estudantes Odair José, de 22 anos, Francinária de Castro, de
16,Erlana Rodrigues e Anatália Cristina, ambas com 13 anos, também não
resistiram e morreram pouco tempo depois.
Segundo o professor IzauroVeira, que vivenciou o triste acontecimento, os primeiros socorros foram prestados por populares, e o cenário era de desespero total.
"Inicialmente, os socorros eram feitas pelas pessoas da comunidade
que iam passando. Depois chegou ambulância, chegou a polícia, era um
verdadeiro cenário de guerra, todo mundo levando gente ferida e
ensaguentada", contou.
Vários estudantes ficaram presos às ferragens e foram resgatadas pela polícia e por civis que não mediram esforços num só objetivo: salvar vidas. Apesar do empenho da população, cinco dias depois, morreu em um dos leitos do Hospital Regional Tarcísio Maia em Mossoró, o professor Antônio Dantas, que também utilizava o veículo coletivo para se deslocar até a Escola Estadual Zenilda Gama, onde trabalhava, concretizando assim, seis vítimas fatais.
Antônio Dantas era colega de banco do professor Veira, que por pouco não
foi vítima do acidente. Veira pegou uma carona minutos antes do ônibus
passar no seu ponto de parada, fato este que ele considera um milagre.
"Eu era caroneiro do ônibus, eu ia junto com o professor Antônio Dantas todos os dias ali nos primeiros bancos, onde houve o impacto maior durante o acidente. O fato deu não ter pegado o ônibus naquele dia, eu não sei explicar, são os designos da vida. Eu acho que, não tem explicação, Deus achou que não era o meu momento", disse Veira emocionado.
O relatório da Polícia Rodoviária Federal apontou que o motorista do
veículo estudantil, identificado como João Batista Sobrinho, foi o
culpado pelo acidente. No contorno, onde ele deveria ter parado,
preferiu avançar para o outro lado, sendo atingido brutalmente.
Em depoimento à polícia, o motorista alegou que ia devagar e que não viu
o outro ônibus. O então delegado de Polícia Civil da cidade, Francisco
Edivan, lavrou o flagrante contra João Batista, e o responsabilizou
pelas mortes.
Procurada pela reportagem do Portal SOS Notícias do RN, a atual vice-diretora da escola, Eleuza Moreira, se emocionou ao falar da morte dos cincos alunos e do professor.
"Não é fácil pra gente relembrar, principalmente por que, no momento,
faleceram cincos alunos da escola, sem contar com um monte de pessoas
que ficaram feridas, e Antônio Dantas, que era um professor muito
querido por todos nós", relatou.
Em virtude dos dez anos do grave acidente e da perda dos seis componentes da comunidade acadêmica, a Escola Estadual Zenilda Gama realizará uma celebração em memória das vítimas.
"Não só este ano por está comemorando dez anos de uma tragédia que comoveu todos nós, mas todos os anos nós fazemos uma celebração, seja ecumênico ou, pelo menos, um momento religioso. Nesta a terça a tarde iremos reunir a Pastoral do Idoso, o pastor Wellington que também professor da escola. É uma honra pra todos nós convidar principalmente os familiares das vítimas para marcarem presença às 16h aqui na escola. Será um momento simples, mas terá a principal pessoal que devemos ter em todos os momentos de nossas vidas, que é Jesus", concluiu Eleuza.
Após o acidente que marcou o dia 25 de novembro, a rodovia foi duplicada
e ganhou, além de outras coisas, lombadas físicas que obrigam aos
motoristas, a redução da velocidade. O dia também é lembrado pelos
apodienses como um dia de luto em respeito a todos os envolvidos neste
trágico acontecimento.
Confira o álbum:
Agradecimentos:
Jornal Gazeta do Oeste
Jornal Tribuna do Norte
Jornal O Mossoroense
Jornal Defato
Prof. Izauro Veira / E.E.P.M.Z.G.T.
Eleuza Moreira / E.E.P.M.Z.G.T.
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